quarta-feira, 22 de junho de 2016

Sobre a afinação e o fim trágico da FolkMaster

Falei um pouco sobre a Suzuki FolkMaster no último post. Quem leu viu que eu falei sobre o bend no 1 aspirado, que eu tinha muita dificuldade para tirar. E eu, também, coloquei uma singela homenagem a essa gaita aí do lado. Bem, você já deve ter uma noção do que deve ter acontecido, porém vamos aos detalhes, para ficar aqui registrado e nem eu nem você cometermos esse erro (novamente).

Depois de uma semana de faculdade, voltei para minha casa e no fim do dia tentei resolver esse problema do bend, e dar uma afinada, caso necessário. Abri a gaita e dei uma pequena alinhada das palhetas na placa de vozes soprada, já que são elas que vibram no ato do bend. Ao testar, o problema insistia, e o afinador que eu tinha atestava uma desafinação no 1 soprado, que estava um pouco mais grave. Para tentar consertar isso, peguei um pedaço de papel para firmar a palheta e uma lixa de unha para raspar a ponta dela e, assim, aumentar um pouco a frequência de vibração, subindo um pouco o tom da nota (em um futuro post, explicarei mais sobre afinação). Comecei raspando de cima para baixo, sempre no sentido da palheta, para evitar qualquer dano nesta. Após várias raspadas sem muito sucesso, a nota praticamente se manteve inalterada. Em um momento de desatenção, acabei raspando a palheta de lado, coisa que nunca se deve fazer. Acabou que consegui o óbvio: amassei a palheta. E pior: não só ela, como a segunda palheta também, só que com menos gravidade. Esta consegui reposicionar no lugar e ela continua funcionando bem (por sorte). O mesmo não posso dizer da primeira. O amassado era grande, e mesmo tentando reparar o dano com uma pinça, posicionando a palheta rente ao espaço da placa de vozes, o som que saía não era o da nota Dó (C4), e sim um Lá (A3), que ficava mais grave à medida que eu mexia a língua dentro da boca. Estava fazendo bends soprados na oitava grave da gaita. Via ali que não tinha mais jeito na merda que tinha feito na recém-comprada gaita. Mas não desisti, e tentei reparar o erro até que a palheta não aguentou o tranco e quebrou, finalizando assim sua história na Suzuki FolkMaster que teve a infelicidade de cair em minhas mãos.

:'(
Após isso, apenas restou cobrir o buraco da placa de vozes com uma fita isolante, para tentar manter pelo menos a palheta aspirada funcionando. Mas não iria servir de muita coisa, dificilmente vou acessar o orifício 1 dessa gaita novamente. Quanto às outras palhetas, estão funcionando bem, e ainda uso essa gaita como principal para os meus treinos.

Bem, esse post é uma forma de aviso para os iniciantes que querem tentar fazer esse tipo de manutenção no seu querido instrumento: tomem bastante cuidado com o sentido de raspagem das palhetas, sempre de cima para baixo, se afastando do rebite, e sem fazer o caminho inverso. Também usem ferramentas adequadas para a raspagem e ajustes, como uma lima, e não uma lixa vagabunda de unha como eu usei. (Atualização: após esse incidente, comprei uma pequena lima em uma loja de materiais de construção. Foi um pouquinho cara, porém nota-se bem a diferença de usar uma ferramenta específica para a raspagem de metais. Realizei a afinação da minha SilverStar sem nenhum problema, agora com cuidado para não raspar de lado)

O mais recomendado é comprar um kit de manutenção de gaitas, mas não é todo mundo que pode. Acho importante todo instrumentista saber fazer manutenção nos seus instrumentos, mas sempre com os devidos cuidados. Caso não saiba, pesquise bastante ou vá em algum luthier de confiança que ele resolve qualquer problema.

Por hoje é só. Até o próximo post!

Nenhum comentário:

Postar um comentário